Há cerca de um trilhão de formas de vida em nosso planeta Terra, e a maioria delas sãos invisíveis – pelo menos a olho nu. Os micróbios, em especial, são os organismos dominantes do nosso mundo, e a cada semana, parece que uma espécie nova é descoberta, às vezes nos lugares mais improváveis, conforme publicado pela IFLScience.
Essa semana, exatamente isso aconteceu. Uma nova espécie – designada apenas como TM7 – acaba de ser adicionada ao reino bacteriano, e o que mais preocupa é que ela pode ser encontrada à vista de todos: dentro da boca, especificamente na saliva. Longe de ser apenas uma novidade simples, esse pequeno ser é um tipo de bactéria parasita, que só pode existir se infectar outras bactérias circundantes. Embora a TM7 exista na saliva humana há algum tempo, tem sido muito difícil detectá-la.
De acordo com a New Scientist, isso ocorre porque é incrivelmente difícil fazê-las crescer em laboratórios. E somente agora os cientistas descobriram o porquê: elas precisam de um hospedeiro para sobreviver. Com apenas 700 genes – um número muito abaixo de qualquer padrão – ela não é capaz de forjar seus próprios aminoácidos. Assim, para sobreviver, precisa roubá-los a partir de sua célula hospedeira, de acordo os pesquisadores que apresentaram a descoberta em uma reunião anual da Sociedade Americana de Microbiologia de Boston, no início deste mês.
Tratam-se de “bactérias ultrapequenas que vivem na superfície de outras bactérias”, disse o professor associado de periodontia, Jeff McLean, da Faculdade de Odontologia da Universidade de Washington, ao New Scientist. Essa descoberta é um pouco semelhante a uma outra estirpe única, conhecida como Bdellovibrio, que também são capazes de infectar outras células bacterianas. No entanto, essa nova variante parece caçar muito mais ativamente do que seus potenciais hospedeiros. A descoberta em questão foi feita sem intenção.
Originalmente, a equipe fazia análises através das linhagens genéticas de bactérias encontradas dentro de várias amostras de saliva humana. Então, acabaram encontrando um misterioso fragmento de RNA – o bloco de construção de sequências genéticas de muitos vírus – que não pode ser imediatamente identificado. Esse pedaço de RNA já havia tinha sido descoberto anteriormente por outros pesquisadores. No entanto, essa nova equipe conseguiu rastreá-la até uma bactéria presente na saliva.
Após isso, puderam verificar como se comportava e descobriram que ela parecia viver em grupos deActinomyces odontolyticus, uma bactéria comum cujos membros de gênero são encontrados em todo o mundo e em uma variedade de ambientes. A TM7 estava ligada a uma membrana da A.odontolyticus e atacava por sucção os nutrientes de sua hospedeira. Embora inicialmente se comporte com tolerância, o parasita, eventualmente, ataque e mate a hospedeira. A A. odontolyticus é conhecida por contribuir com o aparecimento da gengivite e, normalmente, os glóbulos brancos especializados são responsáveis por eliminá-las.
No entanto, quando estão infectadas com a TM7, elas parecem conseguir escapar da varredura dos glóbulos brancos, o que resulta no agravamento da gengivite.
(JORNAL CIÊNCIA)