Um ano depois da Rio 2016, arenas olímpicas são subutilizadas

sábado, 5 de agosto de 2017 às 17:00
119 Visualizações

No ano passado, o Rio sediou o maior evento esportivo do mundo: as Olimpíadas 2016. Para receber atletas e turistas de todo o mundo, os governos federal, estadual e municipal construíram estruturas para as disputas, como as arenas. Um ano depois, a maioria está praticamente parada, pouco utilizada para eventos esportivos ou nem tiveram um destino ainda. A reportagem da Agência Brasil verificou como está a situação de algumas dessas estruturas.

Parque Olímpico da Barra

Publicidade

Prometido como um dos maiores legados da Olimpíada, o Parque Olímpico da Barra, na zona oeste do Rio, não dispõe de uma programação permanente para movimentar as instalações: as Arenas Cariocas 1 e 2, Arena 3, Velódromo e Centro Olimpíco de Tênis. Foram realizados nesses 12 meses eventos pontuais.

Entre eles estão Brincando com Esporte, com a participação de cerca de 700 crianças e adolescentes do Rio; a etapa brasileira do Circuito Mundial de Vôlei de Praia; o Rio Bike Fest; o Circuito Interestadual de Tênis de Mesa; o Gracie Pro Jiu-Jitsu; o Tênis Rio Classes 2017 e ainda o Programa Esporte e Cidadania para Todos, que reuniu aproximadamente 450 crianças.

Parque Olímpico foi uma das atrações durante a Rio 2016, na Barra da Tijuca. Hoje, o local recebe poucos eventos. –
Foto: Arquivo/Fernando Frazão/Agência Brasil

Das instalações, quatro estão sob administração do governo federal: as arenas 1 e 2, o Velódromo e o Centro Olímpico de Tênis. Em busca de dinheiro para a manutenção dos equipamentos esportivos, orçamento para treinamento de atletas, competições esportivas e até realização de shows, a Autoridade de Governança do Legado Olímpico (AGLO) – responsável por essas unidades e vinculada ao Ministério do Esporte – tenta o apoio da iniciativa privada, por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP), que está sendo elaborada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), porém sem data para sair.

“O nosso planejamento é fazer a concessão até o segundo semestre do ano que vem. Essa é a meta traçada com o BNDES”, disse o ministro do Esporte, Leonardo Picciani.

São necessários R$ 45 milhões para custeio, manutenção, limpeza e segurança. De acordo com o ministro, os equipamentos têm sido usados para sediar eventos ligados a programas sociais, que atendem crianças e adolescentes.

Na madrugada do dia 30, um incêndio no Velódromo atingiu o teto da instalação. A unidade, que tinha programação agendada, precisou ser fechada para reparos. As causas do incêndio estão sendo investigadas, mas, a princípio pode ter sido provocado pela queda de um balão. Atualmente, são gastos R$ 11 milhões para a manutenção do local, incluindo a refrigeração necessária para a pista de madeira siberiana. 

“Qualifico como gasto necessário a ter um equipamento deste tipo. Temos hoje a pista mais veloz do mundo que atrai atenção de atletas do mundo inteiro. Então, creio que o custo é apropriado. O que nós temos que fazer é que o Velódromo funcione cada vez mais intenso, dê frutos ao esporte brasileiro cada vez mais consistentes e seja uma opção de lazer para prática esportivas de brasileiros”, argumentou o ministro, rebatendo críticas de que o custo é alto.

Segundo Picciani, o governo está em busca de contratos para realização de eventos e competições no local e, assim, reduzir as despesas. A Arena 3 está sob responsabilidade da prefeitura.

Do lado de fora do parque, também há queixas. Vinte famílias que vivem na Vila Autódromo – removida para construção do parque – reclamam de abandono do local. Elas rejeitaram indenização da prefeitura para deixar a área. Segundo os moradores, as casas entregues, antes da Olimpíada, estão repletas de problemas, com pisos caindo e muros com rachaduras. As famílias relatam que não receberam documentação dos imóveis e pretendem recorrer à Justiça.

As 300 famílias que entraram em acordo com a prefeitura e se mudaram para um condomínio do programa Minha Casa Minha Vida, o Parque Carioca, também pretendem ingressar com ação judicial por considerarem a negociação injusta. Em nota, a Secretaria de Urbanismo, Infraestrutura e Habitação diz não ter conhecimento sobre processos judiciais, informou que dados sobre indenizações são sigilosos e que as parcelas referentes aos apartamentos do Parque Carioca estão sendo pagas. A secretaria reconhece que alguns compromissos firmados com os remanescentes da Vila Autódromo não foram cumpridos.

Arena do Futuro

Pelo projeto inicial, a estrutura da Arena do Futuro seria usada para a construção de quatro escolas da rede municipal.  A desmontagem e transferência do material já deveria ter sido feita, porém não ocorreu por falta de recursos da prefeitura.

A administração municipal conseguiu com a concessionária Rio Mais, dona da área, prorrogação de até um ano para desmontar a arena. “Não houve destinação orçamentária também para a montagem das escolas previstas no projeto inicial. A outra,  que viabilidade dessa iniciativa ainda está sendo avaliada. No momento, a prioridade da prefeitura, por meio da Secretaria municipal de Educação, está em conseguir recursos para a finalização de 30 escolas do amanhã e recuperar as antigas unidades que necessitam de reforma”, informou a prefeitura do Rio.

Parque Aquático

No Parque Aquático, as piscinas foram retiradas pelo Exército em fevereiro deste ano. A piscina de três metros de profundidade foi doada para o Centro de Capacitação Física do Exército, no Forte São João, na Urca, zona sul do Rio. A outra, que era usada pelos atletas para aquecimento, está guardada, pelos militares, até que seu destino seja definido.

A retirada das arquibancadas e estrutura precisa ser feita pela prefeitura. A concessionária Rio Mais também prorrogou, por até um ano, o prazo para desmontagem do equipamento.

Rio de Janeiro - Atletas de natação treinam na piscina do estádio aquático, no Parque Olímpico da Barra da Tijuca (Fernando Frazão/Agência Brasil)
No Parque Aquático, as piscinas já foram retiradas, mas as arquibancadas permanecem. Arquivo/Fernando Frazão/Agência Brasil

Maracanã

Palco do encerramento dos jogos, o Complexo do Maracanã precisou passar por obras para atender às exigências do Comitê Olímpico Internacional. As obras começaram orçadas em R$ 705 milhões e terminaram custando mais de R$ 1,2 bilhão aos cofres públicos. De lá para cá, o que seria um dos principais legados olímpicos, tem sido pouco usado pelo público e está envolto em um impasse jurídico entre a Odebrecht e o governo estadual.

Investigada na Operação Lava Jato, a concessionária Odebrecht, que detém 95% de participação no consórcio Maracanã S/A ganhador da licitação, tenta deixar a administração do estádio. 

Em março, a empreiteira tentou repassar a concessão à empresa francesa Lagardère, mas devido ao impasse judicial, as negociações foram interrompidas. A Lagardère participou da primeira licitação do estádio e foi a única empresa a se interessar na compra da concessão.

Em abril deste ano, o secretário da Casa Civil, Marcelo Queiroz, informou que enquanto a Justiça não decidir, não é possível abrir nova licitação. 

Em março do ano passado, o consórcio cedeu o estádio ao Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016. Após a devolução do local, o consórcio alegou que o estádio não estava nas mesmas condições em que foi cedido e quis anular o contrato. No entanto, em janeiro deste ano, o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJ-RJ) determinou que a Odebrecht reassumisse a administração do estádio, que se encontrava abandonado e vinha sendo dilapidado por vândalos. 

A assessoria do Comitê Rio 2016 informou que já fez todos os reparos exigidos na cessão para os Jogos, com custo de aproximadamente R$ 400 mil e que as obras foram concluídas há cerca de um mês.

As obras de reforma do Maracanã são alvos da investigação da Lava Jato. Em delação premiada, executivos da Odebrecht afirmaram que a empresa pagou cerca de R$ 7,3 milhões em propina para fraudar a licitação. Investigações do Ministério Público Federal apontam que houve ilicitudes na licitação da obra com indícios de inadequação aos valores praticados no mercado, duplicidade de mão de obra nas composições dos serviços, fiscalização deficiente com existência de custos elevados sem causas determinantes, entre outras irregularidades.

Até a publicação da reportagem, a Odebrecht não se manifestou.

Parque Olímpico de Deodoro

No Parque Olímpico de Deodoro, funcionam os centros nacionais de tiro, de pentatlo moderno e de hóquei sobre grama, o parque equestre e a Arena da Juventude. Até dezembro deste ano, estão previstos cerca de 30 eventos. Desde o início do ano, entre treinamentos e competições, o complexo esportivo recebeu 28 atividades. Neste fim de semana, receberá a 7ª Etapa do Campeonato Brasileiro de Carabina/Pistola/Rifle.

(AGÊNCIA BRASIL)

-- Publicidade --

Comentários no Facebook