Cientistas identificam os genes da monogamia

terça-feira, 8 de janeiro de 2019 às 14:54
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A Arara-Vermelha é uma espécie monogâmica: quando forma um casal, a união é para sempre (Foto: Wikimedia Commons)

Por que alguns animais são monogâmicos e outros não? Segundo um estudo realizado pela Universidade do Texas, nos Estados Unidos, e publicado na revista Proceedings of National Academy of Sciences, a resposta pode estar na genética.

Depois de analisar sequências de RNA de 10 espécies de vertebrados, cinco monogâmicas e cinco poligâmicas, os pesquisadores concluíram que os animais com apenas um parceiro sexual apresentavam um mesmo padrão de genes. Segundo os autores do estudo, isso significaria que a evolução usou uma “fórmula universal” para determinar a forma de se relacionar de algumas espécies.

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Por definição, são considerados monogâmicos os animais que mantém uma ligação com o parceiro por pelo menos uma estação de acasalamento e dividem parte do trabalho de proteger a prole, mesmo que hajam cópulas esporádicas fora da relação.

Graças a softwares de bioinformática, os cientistas conseguiram comparar o histórico genético de quatro mamíferos, dois anfíbios, duas aves e dois peixes — todos com ancestrais em comum — e identificar quais mudanças evolutivas levaram ao desenvolvimento da monogamia nessas espécies. Como resultado, eles encontraram 24 genes com padrões de ativação bastante parecidos em machos monogâmicos.

Pelo menos cinco vezes nos últimos 450 milhões de anos, a evolução usou uma “fórmula universal” para transformar animais em monogâmicos. Para isso, a atividade de certos genes (vermelhos) no cérebro foi aumentada, enquanto a de outros (Azuis) foi reduzida (Foto: Universidade Do Texas)

Ainda que os fatores que determinam comportamentos monogâmicos sejam complexos, as conclusões do estudo sugerem que pode existir um “kit” no cérebro que, ao longo do processo evolutivo, tem influenciado a forma como os animais se relacionam.

“Nosso estudo abrange 450 milhões de anos de evolução, que há quanto tempo todas essas espécies compartilhavam um ancestral comum”, diz Rebecca Young, pesquisadora da Universidade de Austin e autora da pesquisa. “A maioria das pessoas não esperaria que, ao longo de todo esse tempo, as transições para esses comportamentos complexos acontecessem da mesma maneira todas as vezes.”

(REVISTA GALILEU)

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