‘É um esporte radical’, diz Rafa Paiva, melhor piloto de drone do Brasil

terça-feira, 1 de outubro de 2019 às 11:18
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Rafael Paiva, piloto de drone (DRL/Divulgação)

Reportagem da última edição de VEJA destacou a Drone Racing League (DRL), a “Fórmula 1 dos drones de corrida”, que em breve estreará sua quarta temporada – o torneio será transmitido no Brasil semanalmente pelo canal a cabo ESPN Extra, de 16 de outubro até janeiro de 2020. Pela primeira vez, o campeonato, que paga prêmios milionários e oferece um verdadeiro show de luzes e velocidade (os drones chegam a 140 km/h), terá um brasileiro entre seus competidores fixos, o mineiro Rafael “Spook” Paiva, de 37 anos.

Natural de Belo Horizonte, Rafa já passou por Rio de Janeiro e cidades da Austrália, onde se dedicou a outro hobby, o surfe, e está há uma década vivendo em São Paulo, onde comanda um produtora de vídeos. E foi justamente em um contratempo na firma que descobriu, por acaso, sua vocação para piloto. “Não sabia nada de eletrônica. Aprendi quase tudo no YouTube”, conta Rafael, que teve de aprender a controlar um drone para suprir a ausência de última hora de um funcionário.

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Campeão de diversos torneios nacionais, Rafael Paiva tem como melhor participação na DRL um terceiro lugar na etapa da França, em 2018, na qual entrou como “wild card”, substituindo um piloto titular. Em entrevista a VEJA, o melhor piloto de drones do Brasil falou sobre as maiores dificuldades para iniciar uma carreira no que chamou de “esporte radical” com potencial olímpico e deu detalhes sobre sua rotina de treinamentos.  

De onde surgiu seu interesse por corrida de drones? Sou fotógrafo e tenho uma produtora de vídeos. Há cinco anos, contratei uma pessoa para fazer takes aéreos, mas infelizmente ela cancelou de última hora. O cliente era meu amigo, não queria deixá-lo na mão. Precisei, então, comprar um drone. A pessoa que me vendeu, me ensinou a pilotá-lo e consegui fazer o trabalho. Foi aí que me interessei por Drone Racing, que naquela época tinha só quatro ou cinco praticantes no Brasil. Comprei dois kits na internet, não sabia nada de eletrônica. Aprendi quase tudo no YouTube.

Quanto tempo levou até se tornar um piloto de verdade e quais as maiores dificuldades? Diria que de um ano a um ano e meio, porque demanda muito treino e esforço. A maior dificuldade no Brasil é a importação de peças, porque os impostos são altos e a diferença na cotação do dólar está cada vez mais alta.

Como é sua rotina de treinos? Tenho uma rotina flexível na produtora de vídeos e tento voar umas quatro vezes por semana, de quatro a cinco horas por dia, e, quando dá, treino uma hora no simulador em casa. É um esporte que evolui muito rápido e, quem não treina, fica para trás.

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É possível se manter financeiramente apenas como piloto de drone profissional? Tenho alguns patrocinadores que me ajudam, principalmente, com peças, como motor e outros materiais que compõe o drone. E sou contratado da DRL, temos um acordo anual. Mas ainda não é possível para mim viver só de drone de corrida. Também ganho dinheiro como piloto em operações de câmera para publicidade e filmagem, o que me ajuda a ter um bom retorno.

Você pratica vários modalidades mais ‘tradicionais’. Considera a corrida de drones um esporte? Fiz motocross a minha vida toda e depois fui morar no Rio e comecei a surfar, virei surfista de alma. Sem dúvidas vejo a corrida de drone como um esporte radical, pois, como os outros, exige muita concentração e dedicação. E vejo espaço para, quem sabe, um dia a corrida de drone estar até numa Olimpíada. A DRL tem se esforçado para popularizar esse esporte e fazer com que as pessoas entendam como funciona.

Em que patamar está o Brasil na modalidade? Ainda está engatinhando, principalmente pela questão da dificuldade de importação. Tentamos organizar uma competição a cada quatro meses e temos cerca de 30, 35 pilotos aqui. É bom, mas ainda é pouco comparado a outros países. Ainda temos um longo caminho a percorrer, mas quem faz é esforçado, se dedica bastante.

(VEJA)

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