Existe um lugar na Terra onde nada se decompõe desde 1986, e os cientistas estão muito preocupados

segunda-feira, 12 de junho de 2017 às 14:20
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Há mais de 30 anos o maior acidente nuclear da história devastou Chernobyl. Os efeitos da catástrofe, no entanto, são sentidos até os dias de hoje. Embora não haja pessoas vivendo no epicentro do acidente e zonas de exclusão, os animais e plantas que o fazem apresentam ainda sinais de envenenamento por radiação. Com informações da SmithsonianMag.com.

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As aves em torno de Chernobyl, por exemplo, possuem cérebros significativamente menores do que as outras. Já as árvores, crescem cada vez mais devagar. Até mesmo animais de caça, que são capturados fora da zona de exclusão continuam a mostrar níveis anormais e perigosos de radiação. No entanto, há outras questões fundamentais relacionadas ao meio ambiente do local.

De acordo com um novo estudo, organismos de decomposição, como micróbios, fungos e alguns tipos de insetos, também estão sofrendo com a radiação. Essas criaturas basicamente são responsáveis por um componente essencial para qualquer ecossistema: a reciclagem orgânica que alimenta o solo. Logo, problemas como esse poderiam ter efeitos para todo o ecossistema.

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“Realizamos pesquisas em Chernobyl desde 1991 e percebemos uma acumulação significativa de lixo ao longo do tempo”, escreveram os pesquisadores.

Quando analisaram o lixo em diferentes partes da Zona de Exclusão, descobriram que as camadas deste eram de duas a três vezes mais espessas do que a das “áreas mais quentes” de Chernobyl, onde a radiação era mais intensa. Contudo, isso não era suficiente para provar que a radiação era a verdadeira responsável por essa diferença.

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Então, para confirmar tal hipótese, fizeram cerca de 600 sacos de malha cheios de folhas coletadas de locais não contaminados, de árvores como carvalho, vidoeiro, pinheiro e bordo. Eles tomaram cuidado em garantir que os insetos responsáveis pela decomposição também estivessem nos sacos.

Depois, os pesquisadores espalharam os sacos em diferentes pontos de toda a Zona de Exclusão. Uma vez lá, os pesquisadores esperaram por quase um ano – normalmente o tempo necessário para que os micróbios, fungos e insetos pudessem trabalhar.

Nas áreas sem radiação, cerca de 70 a 90% das folhas desapareceram durante o período de observação. Mas, nos locais onde a radiação estava mais presente, cerca de 60% dos sacos mantiveram seus pesos originais. Eles descobriram que embora os insetos desempenhem um papel significativo na decomposição das folhas, os micróbios e fungos eram ainda mais importantes.

Como os sacos foram colocados em diferentes locais, os cientistas conseguiram controlar estatisticamente fatores externos como umidade, temperatura e solo, a fim de garantir que nada além dos níveis de radiação interferisse na decomposição das folhas.

A essência de nossos resultados mostrou que a radiação inibiu a decomposição microbiana do lixo na camada superior do solo”, explicou Mousseau. Isso significa que os nutrientes não estão sendo devolvidos de forma eficiente ao solo, o que pode ser uma das causas por trás da demora do crescimento de árvore em torno de Chernobyl.

Outros estudos descobriram ainda que toda a área de Chernobyl corre risco de pegar fogo. Quase 30 anos de acúmulo de lixo e folhas provavelmente agiria como boas fontes de combustível para um incêndio florestal de grandes proporções, de acordo com os pesquisadores. Isso é particularmente preocupante porque a fumaça poderia redistribuir contaminantes radioativos para áreas além da Zona de Exclusão.

Há uma preocupação crescente de que poderia haver um incêndio catastrófico nos próximos anos”, disse Mousseau.

Infelizmente, não há uma solução óbvia para o problema. A única coisa que pode ser feita é ficar de olho na Zona de Exclusão e tentar apagar depressa qualquer início de incêndio. Os pesquisadores disseram ainda estar colaborando com equipes japonesas para determinar se a Fukushima não está enfrentando o mesmo ônus.

(JORNAL CIÊNCIA)

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