Genética ajuda a localizar cartel assassino de elefantes na África

quarta-feira, 19 de setembro de 2018 às 19:27
180 Visualizações
UM SOPRO DE ESPERANÇA PARA OS ELEFANTES AFRICANOS. (FOTO: FLICKR / RACHEL SAMPLE )

Uma indústria de US$ 4 bilhões responsável pelo tráfico de marfim – e a morte de mais de cem mil elefantes da África – acaba de sofrer um golpe difícil de se recuperar – tudo graças à genética.

Parece roteiro de filme de ficção científica e aventura, mas é a vida real: geneticistas descobriram a identidade de três dos maiores cartéis de marfim da África – localizados no Quênia, Uganda e Togo, analisando o DNA contido nas presas de elefantes encontradas em remessas ilegais de tráfico.

Publicidade

O estudo permitiu entender que os cartéis tinham o costume de separar as presas do mesmo elefante em envios diferentes – e, através da localização das presas, os cientistas descobriram que os cartéis trabalhavam em conjunto por diversas vezes. Este efeito dominó teve fim, então, com a conclusão que as gangues estão conectadas internacionalmente.

A importância da descoberta é jurídica: ligar os cartéis entre si ajuda promotores a fortalecerem seus casos contra estes reis do crime de marfim, de acordo com o autor principal da pesquisa, Samuel Wasser, diretor do Centro de Conservação de Biologia e professor de biologia na Universidade de Washington, no estado norte-americano de Seattle.

Wasser e seus colegas puderam descobrir os maiores pontos de caça furtiva de elefantes na África ao cruzar o DNA das presas contrabandeadas com aquele encontrado em fezes, tecido e pelos dos animais – que já haviam sido previamente coletados e mapeados. Os assassinos continuavam à solta por operarem em áreas muito amplas e não carregarem grandes quantidades de marfim individualmente; assim, fez muito mais sentido buscar os financiadores destes indivíduos.

O comércio de marfim de elefante é ilegal desde 1989, mas eles continuam sendo assassinados em números recordes – apenas entre 2005 e 2015, mais de 111 mil foram mortos – deixando o número de elefantes vivos na África em torno de 415 mil, de acordo com a International Union for Conservation of Nature.

Agora há provas substanciais que ligam os cartéis a Feisal Mohamed Ali, um dos traficantes de marfim mais notórios da África, afirmou Wasser. O professor já havia ajudado a condenar Ali em 20 anos de prisão no passado, mas graças a irregularidades durante o julgamento, Feisal havia conseguido liberdade. O maior traficante de marfim do oeste da África também fora condenado graças aos esforços do cientista; à época do julgamento, havia afirmado que não era tão influente assim, mas os dados do novo estudo provam o contrário.

Mas nem tudo são flores para Samuel: analisar o DNA de cada presa custa US$ 110 – e com milhares de partes para estudar, o orçamento é um verdadeiro pesadelo para sua equipe.
estudo completo foi publicado nesta quarta-feira (19) no periódico Journal Science Advances.

(REVISTA GALILEU)

-- Publicidade --

Comentários no Facebook