No Brasil, cerca de 30 mil novos casos de hanseníase são detectados todos os anos. O Janeiro Roxo é uma campanha de prevenção a essa doença que pode ser mais comum do que imaginamos e que tem tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) aqui no Bico do Papagaio. Para esclarecer informações sobre o assunto, o portal Voz do Bico conversou com o dermatologista Paulo Erivan, que trabalha no Hospital Regional de Augustinópolis e em clínicas particulares.
Voz do Bico – O que exatamente é a hanseníase e como identificá-la?
Paulo Erivan – A hanseníase é uma doença que afeta primariamente a pele e os nervos.
Os sintomas são: manchas (esbranquiçadas, amarronzadas e avermelhadas) na pele com mudanças na sensibilidade dolorosa, térmica e tátil; sensação de fisgada, choque, dormência e formigamento ao longo dos nervos dos membros; perda de pelos em algumas áreas e redução da transpiração; inchaço e dor nas mãos, pés e articulações; dor e espessamento nos nervos periféricos; redução da força muscular, sobretudo nas mãos e pés; caroços no corpo; pele seca; olhos ressecados; feridas, sangramento e ressecamento no nariz; febre e mal-estar geral.
VB – Uma das características mais conhecidas dessa doença é seu rápido contágio. É realmente tão perigoso estar perto de alguém contaminado?
PE – A hanseníase possui formas contagiosas, que são chamadas multibacilares, e não contagiosas, conhecidas como paucibacilares. A transmissão da doença acontece pelo ar, sobretudo em situações de contato próximo. Apesar disso, a maioria da população consegue se defender naturalmente da bactéria; no entanto, cerca de 10% da população não tem esses mecanismos de proteção e, por isso, podem adoecer. Mas há um ponto importante: ao iniciar o tratamento, esse paciente não transmite mais a doença.
VB – Como são feitos o diagnóstico e o tratamento?
O diagnóstico é essencialmente clínico. Ou seja, o médico capacitado consegue diagnosticar a doença apenas por meio do exame físico do paciente. Obviamente, sempre que possível, exames complementares como a baciloscopia e a biópsia da pele devem ser realizados, mas não são de extrema necessidade para o diagnóstico.
O tratamento é feito com antibióticos fornecidos gratuitamente pelo SUS, normalmente nos postos da Atenção Básica. É importante que o paciente siga o tratamento de maneira regular até o fim para que se cure de forma definitiva, não permitindo o retorno da doença. Quanto antes o tratamento for iniciado, menor o risco de sequelas.
Se alguém apresentar um ou mais sintomas, deve procurar ajuda médica. O posto de saúde mais próximo ou uma equipe de saúde da família podem ajudar. Neles, é possível fazer exames e receber orientações de como se tratar.
VB – Os familiares devem ficar afastados do paciente?
Em caso de diagnóstico confirmado para hanseníase, o paciente deve orientar as pessoas com as quais mantém contato próximo e regular (familiares, amigos, colegas de trabalho) a também irem ao médico para serem examinadas.
E o paciente deve começar a tomar os medicamentos prescritos imediatamente. Ao fazer isso, ele deixa de ser transmissor da doença.
(Ionnara Lima – Voz do Bico)