Um objeto celeste até então desconhecido foi identificado e reportado ao Minor Planet Center (MPC) na última sexta-feira (27) como um possível cometa. Estimativas sugerem que ele pode se tornar o mais brilhante do século.
No momento da descoberta, o objeto apresentava magnitude 15 e estava localizado na constelação de Hidra, a cerca de 6 graus a oeste da estrela Alphard (Alpha Hydrae).
Uma imagem obtida em conjunto pelos astrônomos Dennis Möller, Michael Jäger e Gerald Rhemann no último domingo (29) na Namíbia mostra o novo cometa em magnitude 11, exibindo uma coma verde e uma cauda curta.
Eles fizeram o registro enquanto estavam posicionados para fotografar o cometa C/2023 A3 (Tsuchinshan-ATLAS), que havia acabado de passar ileso pela máxima aproximação com o Sol.
Vale ressaltar que o C/2023 A3 também tem sido chamado de “Cometa do Século”, embora alguns especialistas duvidem que ele supere a magnitude de -5.5 do cometa McNaught, que passou em 2007. (Obs.: quanto menor a magnitude, mais brilhante é um corpo celeste)
Segundo a Rede de Astronomia Observacional (REA), a órbita preliminar sugere que o objeto é um cometa rasante do grupo Kreutz, conhecido como “arranhassol” (tradução literal para o termo sungrazer, em inglês). Essa classificação se refere a cometas que passam muito próximos do Sol, com a possibilidade de se tornarem brilhantes o suficiente para serem vistos a olho nu.
Expectativa é alta em torno do brilho do cometa
Provisoriamente chamado de “A11bP7I”, o objeto tem potencial para se tornar visível no final de outubro, especialmente no hemisfério sul, durante o amanhecer. De acordo com a plataforma de observação espacial EarthSky.org, as previsões apontam que ele atinja uma magnitude de -5 a -9.1 quando chegar mais perto do Sol, se tornando mais luminoso que o planeta mais brilhante, Vênus, e sendo visível até mesmo no céu diurno.
Até o momento, o MPC não emitiu uma designação oficial para o cometa, nem seus elementos orbitais definitivos. Entretanto, com base nos cálculos da Seção de Cometas da Alemanha, o A11bP7I pode ultrapassar a magnitude zero quando atingir o periélio, em 28 de outubro – caso sobreviva à sua passagem mais próxima do Sol, a apenas 750 mil km de distância.
A trajetória desse objeto lembra a do cometa Lovejoy (C/2011 W3), que sobreviveu a um encontro com o Sol em dezembro de 2011 e proporcionou um espetáculo para observadores no hemisfério sul. Assim como o A11bP7, ele também pertence ao grupo Kreutz, cujos cometas são fragmentos de um corpo celeste gigante que se desintegrou há cerca de dois mil anos.
Especialistas acreditam que, diferentemente do Lovejoy, o corpo celeste A11bP7I pode ser grande o suficiente para resistir ao calor intenso da nossa estrela, saindo ileso e ainda mais brilhante desse encontro. Há também comparações com o Grande Cometa Ikeya-Seki, de 1965, que se tornou visível à luz do dia.
Sobre as expectativas em relação ao brilho do objeto, o especialista em cometas rasantes Karl Battams, do Laboratório de Pesquisa Naval dos EUA, pede calma. “Embora eu espere de todo o coração por um Ikeya-Seki 2.0, parece que este poderia ser um fragmento menor de Kreutz que simplesmente entrou em erupção um pouco antes do previsto, fazendo-nos pensar que é maior e mais brilhante do que realmente é”.
Em declaração à plataforma de climatologia e meteorologia espacial Spaceweather.com, Battams disse que as comparações com Ikeya-Seki devem ser tratadas com extrema cautela, mas que “algo semelhante ao cometa Lovejoy certamente não está fora de questão”.
Neste link, você acessa as informações atualizadas diariamente sobre este novo cometa.
Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.
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