*Por Jessica de Deus
Hoje vivemos na era da informação digital. As redes sociais e o mundo virtual nunca tiveram tanta influência na vida das pessoas. Nesse sentido, as causas e movimentos sociais também ganham força de disseminação através da rede. Contudo, é necessário ter cautela antes de assumir qualquer valor para si e sair compartilhando por ai.
Infelizmente é o que tem acontecido com uma interpretação equivocada do movimento feminista por boa parte da sociedade. Há quem entenda que o feminismo é o lado oposto do machismo. Mas essa é uma conclusão equivocada.
O movimento feminista não pode ser confundido com a cultura femista. A maioria das pessoas tem cometido tal equívoco por falta de informação, fato que tem gerado o sentimento de repulsa ao feminismo, até mesmo por parte das mulheres. Vamos tentar esclarecer as distinções entre o feminismo e o femismo, a fim de evidenciar a importância do movimento feminista para a sociedade contemporânea.
As mulheres por muito tempo foram consideradas meros objetos dos homens, da família e da sociedade, elas tinham direito básicos negados e a autonomia da vontade era ignorada pela sociedade e pelo Poder Público. Em contrapartida, os homens, em regra, sempre tiveram os seus direitos garantidos, possuíam autonomia e liberdade. A nossa sociedade foi construída baseada em um sistema predominantemente patriarcal e machista, no qual o homem possuía o direito de ser o líder em qualquer relação, ou seja, o homem mandava e a mulher obedecia, sem questionar.
O FEMINISMO, desde o início, teve entre seus objetivos a emancipação da mulher, a fim de equipará-la ao homem, quanto aos direitos fundamentais, sociais, políticos e econômicos, entre outros, bem como garantir às mulheres liberdade, autonomia e independência em relação aos homens.
O MACHISMO é uma ideologia que prega a existência de uma hierarquia entre os gêneros, na qual o homem sempre se encontra em situação de superioridade em relação à mulher. O machismo se manifesta através da adoção de comportamentos e pensamentos que recusam a igualdade de direitos e deveres entre homens e mulheres.
A cultura machista influencia práticas de violação de direitos da mulher enquanto ser humano, inclusive, admitindo situações de violência e extremo constrangimento, a título de exemplo, o machismo permite que um homem agrida a mulher; que proíba a mulher de trabalhar; que estupre a mulher; que humilhe a mulher; que explore a mulher dentro de casa; que assedie a mulher na rua; que haja descriminação salarial no mercado de trabalho; que crie estereótipos de beleza, comportamento e modo de se vestir; enfim inúmeros comportamentos e hábitos hoje repudiáveis.
Lado outro, existe a cultura do FEMISMO que equipara-se ao MACHISMO, uma vez que busca afirmar a todo custo a superioridade da mulher em relação ao homem. O femismo considera o homem um inimigo das mulheres, que devem ser inferiorizados. Trata-se de uma corrente de pensamento que não admite a igualdade entre homens e mulheres, ao contrário, o femismo tem o mesmo objetivo que o machismo, que é o de perpetuar as desigualdades entre os gêneros.
Por fim, vale registrar que tanto o machismo quanto o femismo violam a leitura constitucional de igualdade entre homens e mulheres, de modo que a prática de condutas dessa natureza, assim como qualquer comportamento revestido de desrespeito ou subestimação em virtude de gênero, além do potencial de enquadramento em diversos tipos penais, tais situações podem ensejar danos morais aos envolvidos. Na dúvida, consulte um advogado (a) de sua confiança.
*Por Jessica de Deus – Advogada e correspondente jurídico