Lista fechada e a ameaça à democracia. Ou: em tempos de Sergio Moro o foro deve ser vitalício.

sábado, 15 de abril de 2017 às 21:14
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O sistema de voto fechado ou lista de partido, como queira chamar. A proposta da lista fechada ou lista de partido que tramita no Congresso Nacional está próxima de sua aprovação. Na lista fechada o eleitor vota não no candidato, mas no partido. Nesse caso, cada partido apresenta previamente a lista de candidatos com o número correspondente ao círculo eleitoral, esses candidatos são colocados ordenados crescentemente e o número de eleitos será proporcional ao número de votos que o partido obteve. Na lista fechada os candidatos no topo da lista, ou seja, os que detêm mandatos tendem a se eleger com mais facilidade. Cadê a galera do “não vai ter golpe” para protestar?

O projeto representa um perigo à democracia e um convite à impunidade. Na prática quem escolherá os eleitos será o partido com base na lista apresentada por eles. Os que detêm mandato por mera conveniência estarão no topo da lista e com maiores chances de se elegerem, e assim, continuar com o tão sonhado foro privilegiado e livre das garras de Curitiba. É meus amigos, temos no Congresso uma quadrilha pra lá de organizada, isso não podemos negar. A proposta além de livrar políticos de juízes de primeira instância, também visa acabar com os partidos pequenos que não possuem representatividade no congresso e consolidar o monopólio dos grandes nas eleições futuras. A ditadura dos grandes partidos se intensificará e promoverá o pula-pula de parlamentares que estão nos chamados nanicos para os “donos do poder”; as grandes legendas.

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Falar em pula-pula alguns deputados tocantinenses já está de olho em outras legendas, pois têm a certeza da aprovação da matéria. É o caso do deputado Gaguim (PTN). Em conversa com um amigo e dirigente de um grande partido no estado foi-me revelado que por esses dois dias o parlamentar muda de partido; seu destino? PRB ou PP. Esse amigo esteve em Brasília e ouviu dos deputados que a proposta em questão está com 99% de chances de aprovação, restam apenas alguns detalhes sobre o financiamento público de campanha. O resultado, como já apresentado no artigo, será a perpetuação dos caciques e seus apaniguados no poder, mesmo com vários envolvidos em esquema de corrupção.

Lista fechada é a coroa dos corruptos, afinal, quem não quer ser julgado pelo moroso e benevolente STF? Todos, ora. Vamos celebrar a impunidade? Estão todos convidados. O medo das urnas faz o processo acelerar. Eles sabem que sem mandato, sem foro e sem foro cai nas mãos de Moro (até rimou) e aí, meu irmão, a condenação é certa. Nisso concluímos que estamos diante de um caso onde se vê muito medo e pouca vergonha.

Marquês de Maricá, escritor, filósofo e político brasileiro, em uma de suas celebres frases parecia vislumbrar o cenário atual brasileiro e afirmou: “O abuso de poder no Brasil já não mais me surpreende, sobretudo a deformidade gradual da consciência moral e a ética. Sabe-se lá o que se passa na cabeça dos homens que se vangloriam da imunidade, e se julgam desta forma, os debochados “intocáveis?”

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