Acusado de aplicar golpes em 9 investidores paraenses, chegando a desviar em torno de R$ 1 milhão de suas vítimas, Elton Félix Gobi Lira, 33, foi preso em Brasília (DF) no último dia 8 e transferido para Belém na tarde de quinta-feira (15). Detido por policiais civis da Divisão de Investigação e Operações Especiais (Dioe), Elton teve a prisão preventiva decretada pela 1ª Vara de Inquéritos Policiais e Medidas Cautelares de Belém. Ele está sendo autuado por estelionato, falsidade ideológica e fraude de documentação pública.
As vítimas foram à Polícia Civil em meados de maio, mês em que começou a investigação que culminou na prisão de Elton Lira. Segundo as denúncias, ele se passava por economista e investidor, oferecendo aplicações com altos rendimentos (de 14% a 20% mensais) na Bolsa de Valores e garantia de retorno. Ele se reunia com os incautos em hotéis de luxo, ostentando carros e relógios caros e fingia que era amigo de pessoas influentes do setor, com o objetivo de convencer as vítimas a fechar o negócio.
Com os contratos firmados, Lira embolsava os investimentos e enviava falsos extratos da Bolsa para as vítimas, dando a entender que a aplicação estaria rendendo. Quando elas cobravam o resgate do dinheiro, no entanto, ele dava desculpas, protelando a entrega e se esquivando das datas.
Depois de um ano sem retorno, as vítimas começaram a desconfiar e denunciaram o suposto investidor à Polícia Civil, depois de verificarem que a empresa de Lira não tinha registro na Bolsa de Valores. Durante as investigações, tanto o diploma de economista do acusado quanto os extratos de rendimentos enviados por ele às vítimas foram comprovados como falsos pela Polícia.
Quando descobriu sobre o mandado de prisão, Lira passou a ameaçar as vítimas diretamente, pelo celular, e através de contatos. O advogado Thiago Santos, um dos lesados pelo golpe, conta que chegou a receber áudios de Lira prometendo lhe dar um tiro no rosto. “Ele também ameaçou meus pais, perguntando se eu sabia se eles estavam bem ou não”, relata. Santos afirma que ele parecia muito convincente, demonstrando ser inteligente e conhecedor do ramo de aplicações, além de compartilhar fotos na companhia de pessoas públicas e profissionais conhecidas da área.
De acordo com o delegado Neyvaldo Silva, diretor da Dioe, Lira chegou a zombar dos policiais civis e da Justiça nas redes sociais. “Ele fez várias postagens e mensagens públicas afirmando que nunca seria pego. Dizia onde estava e convidava a irem atrás dele”, explica o policial civil.
Mais pessoas se dizem vítimas no interior do Pará e em Macapá (AP)
Além das atuais denúncias, há indícios de que Elton Lira tenha realizado golpes com mais vítimas no Pará e até fora dele. Possíveis vítimas de Macapá (AP) chegaram a contatar a Divisão de Operações Especiais da Polícia Civil (Dioe) relatando outros golpes e o presidente do Fundo Previdenciário de Oeiras do Pará, Pedro Reis, esteve presente na Divisão para fazer outra denúncia. De acordo com Reis, ele havia sido contratado como consultor financeiro pela antiga gestão do Fundo e desviado cerca de R$ 14 milhões dos cofres previdenciários do município.
O acusado foi interrogado pela Polícia e será encaminhado à Justiça para responder pelos crimes. Simultaneamente, as investigações prosseguirão, a fim de verificar se outros crimes foram realizados e se Lira chegou a receber auxílio de outros envolvidos.
(DOL)