Meu INSS vai avisar quem teve desconto suspeito no benefício

sexta-feira, 9 de maio de 2025 às 10:24
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Associações terão 15 dias para se defender; se não comprovarem liberação de desconto, terão de devolver dinheiro ao segurado. – Foto: Luis Lima Jr/Fotoarena/Fotoarena/Estadão Conteúdo

O governo federal anunciou um pacote de medidas para fortalecer a transparência no INSS e proteger aposentados e pensionistas de descontos indevidos em seus benefícios previdenciários. A principal iniciativa já em curso é a notificação direta dos segurados pelo aplicativo Meu INSS, informando se seus contracheques apresentaram ou não cobranças associativas irregulares.

A partir de agora, 27 milhões de beneficiários começarão a receber mensagens oficiais dentro do app Meu INSS, com a informação de que não possuem descontos ilegais registrados. A ação visa tranquilizar os segurados e seus familiares, além de prevenir novos golpes.

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Já na terça-feira (14), o INSS notificará aqueles que tiveram descontos identificados pelo governo, informando o nome da associação responsável, o valor cobrado e o período da cobrança. Com esses dados, o segurado poderá confirmar ou contestar digitalmente o vínculo com a entidade.

“Ele simplesmente vai clicar e falar: esse desconto eu não reconheço. O contato é direto, não precisa se socorrer de intermediários. Ninguém fala no INSS a não ser você”, alertou o presidente do INSS, Gilberto Waller, em coletiva de imprensa nessa quinta-feira (8).

Golpes e canais oficiais

O governo reforçou que não haverá ligações, e-mails, SMS ou contatos via WhatsApp. O canal de atendimento será exclusivamente o Meu INSS e a Central 135 (funcionando de segunda a sábado, das 7h às 22h). A recomendação é que os beneficiários acessem o aplicativo o quanto antes para facilitar a exibição das notificações.

Como funciona o ressarcimento

Caso o segurado não reconheça o desconto, o sistema acionará automaticamente a associação para que justifique a cobrança. A entidade terá 15 dias úteis para apresentar documentos que comprovem a filiação, a autorização e a identidade do beneficiário. Caso não consiga comprovar, terá que devolver os valores cobrados indevidamente.

O INSS, então, repassará o montante diretamente ao cidadão por meio de folha suplementar, sem que ele precise apresentar documentos ou preencher formulários. “O ônus da prova caberá à associação. O cidadão não precisa provar nada”, reforçou Waller.

Responsabilização e bloqueios

Segundo o ministro da Previdência, Wolney Queiroz, o presidente Lula ordenou que as investigações avancem até as últimas consequências, garantindo que nenhum segurado fique no prejuízo.

A operação já bloqueou bens, contas bancárias e investimentos de 12 associações, num total superior a R$ 2 bilhões, visando custear o ressarcimento. Os dirigentes dessas entidades tiveram seus passaportes retidos para impedir fugas.

Lei Anticorrupção

A Advocacia-Geral da União (AGU) e a Controladoria-Geral da União (CGU) também atuam no caso. Segundo o ministro da AGU, Jorge Messias, os recursos bloqueados servirão como fonte primária de ressarcimento, mas a União garantirá a devolução aos prejudicados, ainda que precise antecipar os valores.

O ministro da CGU, Vinicius Marques de Carvalho, informou que já foram abertos processos com base na Lei Anticorrupção contra as entidades suspeitas e que servidores públicos envolvidos também serão responsabilizados administrativamente.

As investigações em curso identificaram cobranças ilegais estimadas em R$ 6,3 bilhões, aplicadas a aposentados e pensionistas entre 2019 e 2024. Os descontos, aplicados em nome de associações ou sindicatos, muitas vezes não eram autorizados pelos beneficiários.

Como o cidadão deve agir

Se for notificado com indícios de desconto irregular:

  • Acesse o aplicativo Meu INSS ou ligue para o 135 a partir de 14 de maio.
  • Indique se reconhece ou não o desconto.
  • Caso conteste, nenhum documento será exigido a obrigação de comprovar será da associação.
  • Em caso de irregularidade confirmada, o valor será devolvido diretamente na conta do beneficiário.

O governo alerta: não compartilhe dados pessoais fora dos canais oficiais e não aceite ajuda de intermediários.

(CONGRESSO EM FOCO)

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