Venda de carros elétricos dispara no Brasil em poucos meses

sábado, 16 de novembro de 2024 às 09:37
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 Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Há cerca de um ano, este Olhar Digital trazia uma reportagem especial sobre os carros elétricos no Brasil. O texto apontava, com correção, que a tecnologia ainda engatinhava por nossas terras. E logo na manchete havia a seguinte pergunta: “Quando vai decolar?”.

Hoje, quase 12 meses depois, será que temos a resposta? Será que o mercado de EVs decolou no país? Esses números indicam que sim.

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Segundo dados apresentados pelo presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), Ricardo Bastos, foram vendidos por aqui 138.581 eletrificados no acumulado entre janeiro e outubro de 2024. Entenda por eletrificado os EV e os híbridos também.

O resultado já superou em 48% os emplacamentos de todo o ano passado. Num recorte ainda mais impressionante, esses quase 140 mil veículos representam mais do que os 126 mil comercializados no Brasil em uma década, de 2012 a 2022.

Sim, é verdade que essa tecnologia se “popularizou” mais recentemente, mas ainda assim é um desempenho notável: em 10 meses, o Brasil emplacou a mesma quantidade de eletrificados em 10 anos!

Os favoritos dos brasileiros

  • De acordo com a ABVE, os híbridos plug-in foram os mais populares nesse período.
  • Os híbridos respondem por 85.980 dos emplacamentos até agora.
  • Já os 100% elétricos são quase 51 mil.
  • O presidente da associação, Ricardo Bastos, destacou que os números vem melhorando progressivamente.
  • Outubro, por exemplo, foi o terceiro melhor mês da série histórica da ABVE, com 16.033 vendas de veículos eletrificados leves.
  • Isso tem a ver com a maior oferta de veículos desse tipo.
  • Entre os modelos, a chinesa BYD ocupa o topo com folga.
  • O BYD Song Plus é o líder de vendas no ano, com 15.701 emplacamentos de janeiro a outubro.
  • Na sequência aparecem o Dolphin Mini de 4 lugares (com 13 mil emplacamentos) e o Dolphin GS (com quase 11 mil unidades vendidas) – ambos são da BYD.
O BYD Song Plus ocupa a liderança na lista dos EVs mais vendidos no Brasil em 2024 – Imagem: Divulgação/BYD
  • Uma montadora diferente aparece apenas na quarta posição: o Toyota Corolla Cross XRX Hybrid vendeu 10.418 unidades em 2024.
  • Em quinto está o GWM Haval H6 HEV (com 5.635 emplacamentos) e, em sexto, a BYD volta a aparecer com o Dolphin Mini de 5 lugares (4.764 emplacamentos).
  • Completam o Top-10 o GWM Haval H6 PHEV: com 4.276 emplacamentos;
  • O Caoa Chery Tiggo 5X e 7 Hybrid: com 4.176 vendas;
  • O GWM Haval H6 PHEV 19: com 4.143 emplacamentos;
  • E o GWM Haval H6 GT: com 4.064 emplacamentos.
A linha Haval H6, da chinesa GWM, também vai bem na lista de emplacamentos no país – Imagem: divulgação/GWM

Quer dizer que decolou mesmo?

Olha, eu diria que decolar é um verbo muito forte. As vendas melhoraram bastante, é verdade, mas os elétricos ainda representam uma fatia mínima do nosso mercado.

Em relação ao nosso histórico, podemos dizer que a evolução foi gigantesca. Agora, fato é que ainda estamos anos-luz atrás de outros mercados pelo mundo.

Na Alemanha, por exemplo, a fatia de EVs já supera a casa dos 20% do total de veículos em circulação. Nos Estados Unidos, os eletrificados responderam por 1,1 milhão das vendas de carros em 2023. E a previsão é que esse número volte a crescer em 2024. Bom, não preciso dizer que 1 milhão é bem mais que os nossos 140 mil… E olha que eu nem estou citando a China, o maior reduto dessa tecnologia no planeta.

Se em 2023 dissemos que os elétricos ainda engatinhavam por aqui, agora eles já começaram a andar com as próprias pernas. E a tendência é positiva: já já essa criança pode começar a correr e, quem sabe um dia, decolar de verdade.

O Brasil ainda carece de infraestrutura: faltam, por exemplo, mais pontos de carregamento pelo país – Imagem: Darunrat Wongsuvan/Shutterstock

Agora, para isso acontecer, é preciso que o país acompanhe essas mudanças. A ABVE afirma que os investimentos nesse tipo de tecnologia por aqui ainda são baixos, que as políticas públicas são fragmentadas e que não há um Plano Nacional de Eletromobilidade.

Isso sem contar os preços elevados dos veículos, a falta de uma linha de crédito específica (e atrativa), além da pouca infraestrutura: são apenas 10.622 pontos de carregamento em um país do tamanho de um continente.

Esperamos que as coisas evoluam até o próximo texto desse tipo, no final de 2025.

Colaboração para o Olhar Digital

Roberto (Bob) Furuya é formado em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atua na área desde 2010. Passou pelas redações da Jovem Pan e da BandNews FM.

Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.

(OLHAR DIGITAL)

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