
*Por VLV Advogados
A cada dia que se passa, mais se aproxima das Eleições Municipais de 2024. E uma prática muito comum neste período é a produção e divulgação de Pesquisas de Intenção de Voto. Os questionários já começam a tomar destaque nas discussões políticas e na mídia. Essas ferramentas são fundamentais para medir a opinião pública e prever tendências para o dia da votação. Todavia, é necessário confiança e, para isso, precisam seguir normas rígidas estabelecidas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Neste ano, novas regras foram implementadas para garantir maior transparência e precisão nos levantamentos eleitorais.
O Papel das Pesquisas Eleitorais
As pesquisas eleitorais são tidas como importantes no processo democrático, pois oferecem informações sobre a intenção de voto dos eleitores. Além disso, é notável uma percepção pública em relação aos candidatos. Então, os questionários não apenas informam os cidadãos, mas também orientam estratégias de campanha de quem está concorrendo no pleito.
Porém, o entendimento completo sobre como as pesquisas funcionam e o que mudou nas regras deste ano, é essencial conhecer o arcabouço legal da regulamentação e os desafios enfrentados por quem produz.
Regulamentação das Pesquisas Eleitorais
A Lei nº 9.504/97 rege as pesquisas eleitorais no Brasil. Além dessa, também é importante destacar a Resolução do TSE nº 23.600/19, que estabelece as normas específicas para a realização dos levantamentos. Contudo, em 2024, mais um detalhe foi implementado pelo TSE para aprimorar o processo e garantir sua integridade.
Agora, segundo a Resolução nº 23.727/24 do TSE, algumas mudanças significativas foram implementadas:
Novas Regras para 2024
- Registro no Sistema Pesquisas
Todas as pesquisas eleitorais precisam ser registradas no Sistema de Registro de Pesquisas Eleitorais (PesqEle). Essa medida tem como objetivo garantir que apenas levantamentos feitos de acordo aos critérios estabelecidos pelas normas sejam divulgados.
Vale ressaltar que o registro inclui todas as informações detalhadas sobre: o contratante, o responsável pelo pagamento, a metodologia utilizada, o período de realização, entre outros dados essenciais. A novidade é que o registro e também a atualização das informações no PesqEle podem ser feitos a qualquer momento do dia. Isso, pois, anteriormente eram restritos ao horário comercial.
- Divulgação dos Resultados:
Tendo a regularização da pesquisa, após o registro, o responsável deve enviar um relatório completo ao TSE, contendo todos esses dados citados anteriormente. O documento precisa ser enviado até o dia seguinte à divulgação dos resultados.
Além disso, no dia das eleições, qualquer pesquisa, conhecida como “Boca de Urna”, só pode ser divulgada a partir das 17h (horário de Brasília). Essa medida visa evitar influências indevidas sobre o eleitorado antes do fim do pleito.
- Controle e Fiscalização:
Com essa nova resolução, é possível reforçar o sistema de controle, verificação e fiscalização dos dados das pesquisas. Então, tanto os candidatos, partidos políticos, coligações e também o Ministério Público passam a ter acesso ao sistema para verificar a legalidade dos dados registrados. Por isso, em caso de irregularidades comprovadas, medidas como suspensão da divulgação e aplicação de multas podem ser tomadas mais rapidamente.
- Distinção entre Pesquisas e Enquetes:
Um outro ponto importante da resolução é o esclarecimento da diferença entre levantamentos eleitorais e enquetes ou sondagens. Enquanto as pesquisas eleitorais seguem um rigoroso plano amostral e também uma metodologia científica, a segunda não. Enquetes dependem da participação espontânea dos interessados e não são reconhecidas como instrumentos válidos para prever resultados eleitorais.
Importância e Críticas
Essas novas regras sobre os questionários eleitorais têm o objetivo claro de garantir a transparência e a confiabilidade dos resultados. No entanto, há críticos que apontam as medidas como insuficientes para evitar abusos. Para algumas pessoas, ainda é possível a divulgação de pesquisas sem registro ou a manipulação dos resultados.
Em suma, de acordo com muitos especialistas, as pesquisas eleitorais são ferramentas valiosas para entender a dinâmica eleitoral e orientar estratégias políticas. Porém, é crucial que sejam conduzidas com ética e responsabilidade. Pois, a integridade do processo eleitoral depende da correta aplicação das normas e da vigilância constante dos órgãos fiscalizadores e da sociedade civil.
Conclusão
Portanto, em um ano eleitoral, as pesquisas eleitorais ganham ainda mais destaque como fonte de informação e análise política. Com as novas regras estabelecidas pelo TSE é assegurado que os levantamentos sejam conduzidos de maneira ética e transparente, promovendo um ambiente eleitoral justo e equitativo. Dessa forma, a população, por sua vez, precisa participar do processo não apenas criticando, mas estando atenta aos resultados divulgados. Sendo assim, as pessoas podem verificar sua procedência e entender o contexto metodológico por trás de cada levantamento.
Com essas medidas, é esperado que as pesquisas eleitorais cumpram o papel de fornecer dados confiáveis e representativos e, assim, contribuir para a consolidação da democracia no Brasil.
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